SOMOS PONTOS PERDIDOS NO AZUL

Átimo de segundo... Paro e penso na pequena flor colhida pela incauta brisa que soprou mais forte, passou incerta em sua condição de brisa ou vento. Os pés que pisam a calçada nua e quente e que um dia serão apenas sopro inexistente, sei que os meus olhos não enxergam mais que o horizonte em que habito. Quantos horizontes mais se abrem ao amanhecer de todos os dias? Na soleira da porta a borboleta verseja a procura de uma flor, enquanto a cambaxirra triste pia solitária nos nichos de telhas. Quantas folhas soltas caem...folha de caderno. Quantas folhas vivas queimam sem proteção nem lamento. Somos sortilégio ou maldição? Que espécie supera a própria gênese e ignora a vida? Questões...questões... Não há resposta para desafogar a dor e a beleza de "ser", mas também não há cura para o "existir" em profunda solidão ancestral. O caminhar é trôpego, a inconstância nos leva pela mão, o embrutecimento da razão adoece a mais tenra criança e a faz dormir no berço confortável de vãs tecnologias. Essa Modernidade faminta e devastadora que se transforma a cada dia, que atropela e subjuga seu criador, até que o coloca em transe, confuso, sem memória. Na calçada queda muda a andorinha, que vive pelos grãos trazidos na brisa insana ou na ventania.
Voltaríamos nós a esta simplicidade?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog