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Mostrando postagens de fevereiro 3, 2008
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A Cidade das Corujas Eram duas horas da madrugada. O vento soprava triste. Lá fora, atrás dos muros do cemitério, uma coruja piava lugubremente. O frio e o escuro pareciam penetrar as paredes, escoar pelas frestas, passar através das venezianas das janelas e subir pelas pernas da cama. Oswaldo fora mandado de São Paulo até aquele lugarejo para ensinar aos moradores como se precaverem contra a febre. A epidemia que se alastrara pelo país, ainda não havia chegado ali, logo, medidas preventivas eram de suma importância. O moço era recém – formado em Medicina e recebera uma ótima proposta do governo para atuar no interior. Para quem não possuía ainda uma clientela fixa a proposta era muito bem – vinda. Ele aceitara sem considerar a fundo as possíveis dificuldades, agora, tiritava de medo numa cama de pensão naquela bucólica cidadezinha. O pio da coruja lembrava o choro agonizante de uma criança ou o lamento torturante de uma mulher desesperada, isso unido ao som do vento, criava imagens so

Cidade

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Nesta tarde a vida fervilha nas avenidas. No farol o garoto pobre e esquálido faz malabarismo para sobreviver. Na rua suja o homem triste e delicado sonha ser mulher. No barraco a mulher volta da lida e excomunga o seu dia. Mesmo assim a cidade exala inocência. Alguns abraçaram a realidade Outros compram sonhos na esquina Só a desesperança predomina. Dalva

Ninguém

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Ninguém...conhece essa angústia esse travo na língua essa dor que adormece o braço. Ninguém...percebe o embaraço de tamanha solidão na qual rola seco o coração aos pedaços. Ninguém...adivinha o lamento que escapa aos pouco da boca amarga amargo sentimento desvairado e louco. Amigo? Que é dele? Irmão...gastou-se o sangue e já tão rarefeito perdeu-se nas areias do deserto. Ninguém...pode me ouvir nem o mar. Dalva.

Tristeza

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No espaço aberto no qual escrevo mal traçadas linhas mosto de palavras mel de opulenta vinha mistura que fervilha néctar da discórdia gasosa harmonia licores a desatar no peito embriagador efeito de amores. No espaço aberto no qual escrevo trêmulas palavras sem alarde curo a ressaca de um dia triste de meias verdades. Dalva.