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Mostrando postagens de 2009

Platéia

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Estou sempre em mim mais tempo do que eu gostaria Procuro uma desculpa para não estar Não que seja desagradável estar em mim Mas minhas dores me espremem Estou sempre tentando racionalizar sentimentos E na balança sempre sobra desconforto Estou sempre tentando me perder da minha não origem Mas antes eu não era assim Acreditava que o ferimento com um sopro sarava Acreditava que era impossível não ser querida Estou sempre tentando buscar aquilo que me foi negado E compreender a negação. Estou sempre de malas prontas como quem espera algo E não parte Porque acredita que alguém vai chegar Eu. Platéia solitária de mim e de meus pequenos feitos Retorno sempre para o banquinho frio dentro da minha alma E não espero piedade, muito menos salvação. Posto que não acredito em deuses. E os ferimentos não saram, gangrenam. Dalva Foto by Oswaldo de Abreu Filho

Crepúsculo

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Quando as folhas secam e o céu parece descascar Tudo é aridez e aspereza. Quando meus olhos não conseguem mais umedecer Tudo se distancia e desaparece Quando a sombra dobra o caminho do esquecimento Minhas mãos tremem de medo De o frio gotejar do tempo escorrendo pela janela Quando meu grito se perde no vazio das pupilas opacas Tudo deixa de suspirar diante do doce crepúsculo Quando a poeira prateada e translúcida da lembrança sufoca Tudo muda de forma, muda de tonalidade. Quando eu chamava com sussurros entrecortados por soluços Tudo estava vazio de você Quando você separou a nossa estrada Tudo era solidão e desencanto Quando ainda assim, sua memória resistiu. Tudo se perdeu para sempre. E só restaram os crepúsculos. Dalva Foto by Oswaldo de Abreu Filho

O Discurso no período da Ditadura

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Década de 70, governo Ernesto Geisel, ditadura militar, nessa época o discurso era sutil, era faca de dois gumes. Para se manifestar era preciso cuidado e todo cuidado era pouco em época de governo militar. A palavra de ordem era “silêncio”, manter o silêncio para manter a distância dos corredores da tortura, dos pavilhões do terror, dos subterrâneos da morte. Todos poderiam ser arrastados, os que sabiam e os que não sabiam também, os militares queriam culpados, precisavam de adversários subversivos para manter a suposta “ordem”, nessa época o discurso se armava de metáforas para sobreviver. Transformado em arma pelos estudantes, professores e artistas, era o discurso que martelava a consciência dos brasileiros, entoado como um mantra da não rendição à opressão daqueles anos difíceis. Por outro lado, o discurso também era a deixa para que o regime acusasse as pessoas. Se o indivíduo possuísse um discurso engajado, não se enquadrasse nas regras impostas e fizesse o devido uso da palavra

Ciclos Migratórios

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“...Passa certo dia, à sua porta, a primeira turma de “retirantes”. Vê-a, assombrado, atravessar o terreiro, miseranda, desaparecendo adiante, numa nuvem de poeira, na curva do caminho... No outro dia, outra. E outras. É o sertão que se esvazia. Não resiste mais, amatula-se num daqueles bandos, que lá se vão caminho em fora, debruando de ossadas as veredas, e lá se vai ele no êxodo penosíssimo para a costa, para as serras distantes, para quaisquer lugares onde o não mate o elemento primordial da vida. Atinge-os. Salva-se. Passam-se meses. Acaba-se o flagelo. Ei-lo de volta. Vence-o a saudade do sertão. Remigra. E torna feliz, revigorado, cantando; esquecido de infortúnios, buscando as mesmas horas passageiras da ventura perdidiça e instável, os mesmos dias longos de transes e provocações demoradas...” ( Os Sertões, pág 107) Nestes parágrafos, o escritor Euclides da Cunha, autor do livro Os Sertões, traduz com clareza o ato migratório da população sertaneja provocado pela seca. O desloc

A Escola Pública e a Proposta Curricular do Governo

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A sociedade atual exige cada vez mais o acúmulo de conhecimentos. Para trabalhar, conviver com pessoas, entender e preservar o meio ambiente ou tornar-se um cidadão consciente dos seus direitos e deveres. Esta sociedade, pelo desenvolvimento tecnológico acelerado que sofreu, gera novas desigualdades ou exclusões, ligadas ao uso dessa tecnologia. Exclui-se o individuo por falta de acesso a bens materiais e também por falta de acesso a informação. De acordo com o governo brasileiro, essa tendência tecnológica segue paralela “à democratização do acesso a níveis educacionais além do ensino obrigatório”, acredita-se que com a nova proposta de ensino mais pessoas terão acesso ao estudo, assim, o diploma de nível superior não será mais o diferencial. Os traços cognitivos e afetivos ganham um valor mais acentuado, a facilidade para solucionar problemas, desenvolver trabalhos em grupo, ter cooperativismo e interesse, podem contribuir para que o aluno tenha melhor desempenho em situações com mai