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Mostrando postagens de setembro 22, 2019

SOMOS PONTOS PERDIDOS NO AZUL

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Átimo de segundo... Paro e penso na pequena flor colhida pela incauta brisa que soprou mais forte, passou incerta em sua condição de brisa ou vento. Os pés que pisam a calçada nua e quente e que um dia serão apenas sopro inexistente, sei que os meus olhos não enxergam mais que o horizonte em que habito. Quantos horizontes mais se abrem ao amanhecer de todos os dias? Na soleira da porta a borboleta verseja a procura de uma flor, enquanto a cambaxirra triste pia solitária nos nichos de telhas. Quantas folhas soltas caem...folha de caderno. Quantas folhas vivas queimam sem proteção nem lamento. Somos sortilégio ou maldição? Que espécie supera a própria gênese e ignora a vida? Questões...questões... Não há resposta para desafogar a dor e a beleza de "ser", mas também não há cura para o "existir" em profunda solidão ancestral. O caminhar é trôpego, a inconstância nos leva pela mão, o embrutecimento da razão adoece a mais tenra criança e a faz dormir no berço confortáve

DONA JÚLIA

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A manhã ia alta, a luz do sol dourava os telhados das casinhas, os raios solares faziam desprender do mato um agradável aroma de ervas maceradas. Na vila de Santa Luzia do Carangola, enquanto as cigarras entoavam seu estridente mantra, as horas escorriam como fios d’água nas folhas de inhame. Lentamente a pequena vila acordava e os habitantes tomavam seus lugares no cenário matutino, os pequenos comércios abriam suas portas, leiteiros e verdureiros seguiam em suas carroças rumo às residências. Um jardim de chaminés soprava no céu baforadas de fumaça denunciando que nas cozinhas o almoço era preparado. Tudo era sonolência na pequena vila. Ao longe se ouvia alternadamente o canto enérgico de um galo. Santa Luzia do Carangola era cercada por propriedades rurais, nos arredores, homens, mulheres, famílias inteiras trabalhavam nos canaviais, nas lavouras de café, nos currais para garantir a parca sobrevivência. Entre os habitantes da vila vivia a família Ferreira, gente trabalhadora e que