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Mostrando postagens de 2008

Dia de Aula

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Cheiro de aniz na tarde quente poeira de giz caindo na gente bolinha de papel avião por um triz pernada, escarcéu olhos vermelhos roupa manchada matéria atrasada caderno... que nada!! Professora nervosa gritando aos berros a plenos pulmões: - Senta Vinicius!...minha nossa! O que é isso? Sossega Eduardo, não grita Leticia! Calado Matheus! E quando a coitada Já quase sem forças, desiste de vez... Apita o sinal, termina a aula. Graças a Deus!!!! Dal
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Ilusão Sombra Frescor inatingível Da erva pequenina Em baixo Da árvore copada. Sombra Escuridão profunda Da alma Tênue, pequenina... No universo. Sombra Do coração estrangeiro Em qualquer parte Onde for. Sombra Da lua copiosa Sobre as montanhas Viçosas. Sombra Dos meus passos Fadigados e medrosos Indo ao encontro Do desconhecido Fim. Dal
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Abyssus (Abismo) Sinto um vazio enorme Vazio assim Que não cala Que não sara Que não dorme Tomando tudo Dentro de mim Sinto a dor Adormecida desse vazio Sinto frio Sinto a seca do estio Bem aqui Dentro da alma Não me deixe Entregue a essa horrível calma A esse vazio sem fim Preciso de um vento forte Que suporte A dor que nasce em mim Nesse instante a inércia domina Perco a poesia Perco a rima E só me resta A morte. Dal
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Solitatis (Solidão) Ouço a voz do vento Que murmura lembranças Vejo a neblina no monte A ondulação do capinzal Que acena amistoso Voltei para casa? Que casa? Edificada de sonhos e saudades Ou de arranha – céus E modernidades Envelheci talvez Ou me tornei criança novamente Ainda espero O meu valhalla Um dia uma valkiria Voando entre os prédios Em seu cavalo alado Há de me oferecer o braço amigo E na garupa divina Eu alçarei vôo Planarei sobre o céu de todo o mundo Guerreira que sou do cotidiano E das minhas inquietações Somente assim entregarei A minha alma Talhada em minério Moldada no fogo Do asfalto quente Que aquece meu coração E que me acolheu Então o vento Calará seu murmúrio Para sempre. Dal
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Soedade (Saudade) Lembro-me bem Era sempre no verão Que o cheiro das flores de inhame Tomavam conta de tudo E você era uma alegre idéia. De segurança No cair da tarde Lembro-me bem O céu era como a tela Que eu vi na revista Noite estrelada De um holandês Também muito solitário Até mesmo para uma criança E na montanha que era nossa Brotava a lua Clara Calma Senhora de todo tempo Mas o tempo era fictício Porque eu cresci Tudo cresceu ao meu redor Menos o seu amor por mim Disseram-me que não escolhemos A quem amar Isso é uma verdade incontestável Hoje, as noites são estreladas. Só não têm a lua A montanha O holandês solitário E aquele perfume. ( Ao meu pai) Dal

Ensinar é:

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O esforço... O inverso do que poderia ser... Quando muito, aprendizagem com prazer. Campo infértil, triste, mal regado. futuro obscuro de incerteza, contrário a tudo que é natureza, que é desenvolver, crescer, amadurecer. Pequeno broto amargo subjugado. Pelo meio? Não sei... Pela época? Talvez... Valores, nenhum. O esforço... Esboço de fracasso. Quando muito, cansaço... Dalva.
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Desde que nasci sou efemeridade. Sombra ao meio dia ofuscada pela alegria. Alegria mórbida das pessoas. Alegria que soa como profunda tristeza. Sou efemeridade nas suas lembranças...... Silhueta crepuscular nas suas fotografias. Nem sei se amiga ou distante mas pura efemeridade. Em resposta a sua pequena Homenagem deixo meu desapego..... Grito nas madrugadas insones por sua amizade, tiro do rosto cansado a insalubridade dos dias sem dividir contigo sem encontrar sua dor porque me tornei em você mero esquecimento . Dal
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O Cavaleiro da Madrugada No início, era apenas um pequeno arraial incrustado no alto da serra em meio as grandes plantações de café. Com passar do tempo e com a chegada de camponeses provenientes das fazendas vizinhas, o lugar tornou-se um povoado em desenvolvimento. As ruas foram pavimentadas, as residências receberam luz elétrica e água encanada. O progresso continuou avançando, morosamente, como é típico nas cidadezinhas. Instalou-se o centro comercial, entende-se por comércio uma ou duas escolas, as poucas lojas, farmácias, um posto de saúde e os bares espalhados ao longo da rua principal. Áreas um pouco além do pequeno centro foram loteadas, criou-se uma suposta periferia por onde se pode chegar ou sair da cidade, estas ruas ainda menos movimentadas, que atravessam o dia na modorra e hibernam profundamente durante a noite. Uma dessas ruas, fora no passado, linha férrea, pela qual trafegava o antigo trem de ferro extinto há muito tempo. É sobre essa rua, hoje denominada Benvindo Va

Esperança

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Respiro.... O ar de todos os dias a esperança de todos os homens. Meu peito intacto observa o rol das amarguras frias espero. Não sei quando vou chegar até o doce limiar da minha agonizante força. Respiro... O único ar sujo de todos os dias o oxigênio pesado de todos os homens. E vejo o quanto de insano vaga no mundo vago em que vivemos. Penso... No teu rosto querido e neste instante sublime e triste amanheço. Dalva.

Eu

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Estas ruas guardam um pouco de mim em cada canto. Na praça da Igreja, na calçada rústica, no badalar de cada hora pelo sino da matriz. Gosto das luzes ao cair da tarde, lembram cenas de postais. Meu coração anda tão sombrio quanto o céu deste lugarejo. Já não me encontro aqui, nem em lugar nenhum, perdi os lugares, as referências, ganhei outra lembrança triste. Lembrança de becos obscuros do meu lugar outrora alegre, e agora, triste. Eu transito entre os que moram nas ruas, e não há nenhuma visão social nisto, há unicamente solidão e ilusões perdidas. O pobre fantasma do trem revisita os vagões decadentes a procurar. Hoje não escreverei mais nada. Sobre saudades, Amigos, Família, Mais nada... Dalva.
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Dona Julita Dona Júlia já contava cinqüenta anos de idade e vida difícil. Era baixinha, forte, cabelos negros e lisos, pele índia crestada pelo sol da roça. Sua risada era tão estridente que às vezes parecia choro. Duas vezes por semana ela descia os dois quilômetros de estrada barrenta, levando sobre a cabeça a trouxa de roupas e um grosso cigarro de palha no canto da boca. Descia com uma trouxa limpa e subia com uma trouxa suja, sempre caminhando devagar com seus passinhos miúdos. Dona Júlia, ou Julita, como, como era conhecida, lavava e passava roupas para várias famílias na cidade. Ela tinha cinco filhas, quatro já eram moças feitas, a caçula ainda era criança de dez anos apenas. As quatro filhas de dona Júlia, eram moças cultas e estudiosas, todas haviam feito ou estavam fazendo magistério. Uma tia solteirona por parte de pai que era professora, custeava os estudos. As meninas cuidavam dos afazeres domésticos enquanto a mãe batia e quarava roupa na bica de bambu. O cheiro de roupa
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A Cidade das Corujas Eram duas horas da madrugada. O vento soprava triste. Lá fora, atrás dos muros do cemitério, uma coruja piava lugubremente. O frio e o escuro pareciam penetrar as paredes, escoar pelas frestas, passar através das venezianas das janelas e subir pelas pernas da cama. Oswaldo fora mandado de São Paulo até aquele lugarejo para ensinar aos moradores como se precaverem contra a febre. A epidemia que se alastrara pelo país, ainda não havia chegado ali, logo, medidas preventivas eram de suma importância. O moço era recém – formado em Medicina e recebera uma ótima proposta do governo para atuar no interior. Para quem não possuía ainda uma clientela fixa a proposta era muito bem – vinda. Ele aceitara sem considerar a fundo as possíveis dificuldades, agora, tiritava de medo numa cama de pensão naquela bucólica cidadezinha. O pio da coruja lembrava o choro agonizante de uma criança ou o lamento torturante de uma mulher desesperada, isso unido ao som do vento, criava imagens so

Cidade

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Nesta tarde a vida fervilha nas avenidas. No farol o garoto pobre e esquálido faz malabarismo para sobreviver. Na rua suja o homem triste e delicado sonha ser mulher. No barraco a mulher volta da lida e excomunga o seu dia. Mesmo assim a cidade exala inocência. Alguns abraçaram a realidade Outros compram sonhos na esquina Só a desesperança predomina. Dalva

Ninguém

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Ninguém...conhece essa angústia esse travo na língua essa dor que adormece o braço. Ninguém...percebe o embaraço de tamanha solidão na qual rola seco o coração aos pedaços. Ninguém...adivinha o lamento que escapa aos pouco da boca amarga amargo sentimento desvairado e louco. Amigo? Que é dele? Irmão...gastou-se o sangue e já tão rarefeito perdeu-se nas areias do deserto. Ninguém...pode me ouvir nem o mar. Dalva.

Tristeza

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No espaço aberto no qual escrevo mal traçadas linhas mosto de palavras mel de opulenta vinha mistura que fervilha néctar da discórdia gasosa harmonia licores a desatar no peito embriagador efeito de amores. No espaço aberto no qual escrevo trêmulas palavras sem alarde curo a ressaca de um dia triste de meias verdades. Dalva.