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Mostrando postagens de julho 29, 2018
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NILZA Cidades do interior possuem beleza, silêncio, tristezas e solidão. Foi em uma dessas que cresci, vendo o tempo se arrastar por minutos intermináveis e incontáveis dias. As ruas imutáveis, nas quais a modernidade não alcança as casas taciturnas, bucólicas e recatadas onde se escondem segredos em cada brasão imaginário de tradição interiorana. Os comércios de fachadas simples que sugerem muito trabalho e pouco recurso, são acessíveis a todos, da senhora do casarão na rua principal ao camponês de pés descalços. Nas pequenas cidades também existem os bairros mal vistos nos quais moram gente de baixa renda, de estirpe duvidosa e que reconhecem pertencer ao “seu lugar”, não compartilham os clubes, as festas e muito menos os hábitos dos moradores mais abastados que ocupam os bairros privilegiados. É uma “casa grande e senzala” intrínseca na vida das pessoas que levanta uma barreira assustadoramente real em um lugar tão pequeno em que todos se encontram nas poucas esquinas. Antes
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Maria Victória Martins ( Minha tia )          O período de férias na casa de minha avó era especial por dois motivos, pela vinda de meus primos cariocas (filhos da tia Eli), o que significava brincadeiras, histórias em quadrinhos e companheirismo e também pela chegada de minha tia Victória que também morava no Rio de Janeiro. Quando minha avó dizia em tom solene “A Victória vai chegar na terça - feira” ficávamos ansiosos para que a terça chegasse logo.          Tia Victória chegava à noitinha ou pela manhã, o táxi parava na rua de baixo e ela subia a escada de pedra que dava acesso a casa. Sempre muito elegante, vestia saia e blusa combinando, sandálias de salto baixo, um sóbrio casaquinho sobre a blusa. O charme de minha tia era o lenço elegantemente amarrado ao pescoço como se usava na Europa na década de 70. Unhas bem feitas, cabelo tratado, sobrancelhas bem desenhadas e uma maquiagem leve lhe emprestavam um ar de senhora da alta sociedade. No pulso delgado, trazia um pequeno
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Disseram-me que poemas são gotas de lágrimas, Que acrósticos são soluços libertos do peito. As crianças me perguntam: "E as palavras, o que são as palavras?” Eu respondo que as palavras são a chave para se prender o sentimento. Significado e significante, como dizia o velho mestre, Às vezes, convenções apenas. Não! Eu me recuso a acreditar, a aceitar o convencional. Sou pelas palavras como expressão do "ser", "estar", "sentir", Sinto as palavras como vergalhão em brasa que dilacera a carne da alma. Tenho as palavras como instrumento do meu labor. Alguém me disse que palavras, são imprecauções incautas soltas ao vento. Eu digo que palavras, para nós que vivemos delas, são dardos certeiros, são punhais afiados, são facas de dois gumes. Podem ser o "mote", podem ser a "sorte" a que todos estão sujeitos. Luz
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I miss my life before When everything was possibilities When mother and father were present When my brothers were there My sister kept the treasure chest. They were his treasures, comics, ribbons, combs My mother died for her sorrows. My father felt the loss and the distance... I, in my small and strange world, survive What moon was the one that illuminated all this? In a distant sky, capable of separating good from evil I miss the wind, I miss the smells, the heat that kept us warm Who gives me back this lost world? Who gives me back the soft mornings? No one can give back the past Do not ease the pain I feel Because I died in the mountains…
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Amo poucas coisas, mas são especiais... Amo minha história ao pé de uma montanha, Com a lua surgindo aos poucos, ganhando os campos. Tenho saudades, mas saudade cheia de memórias de tempos passados. Amo meus irmãos, dispersos por aí, entre uma dimensão e outra. Poucas coisas me tocam pessoas, amizades, sangue, cultura e, sobretudo, sentimento. Na sou daqui, sou do alto de uma montanha, meus ossos estão por lá. Tenho em mim a impressão de que o tempo é apenas uma pequena intersecção Vivi muito, com todas as peculiaridades que a vida nos oferece. Sou filha da natureza por nascimento e do asfalto por adoção. Não... Não me subestime, cruzei muita terra, galguei muita distância, para chegar até aqui. Sou um misto de realidade e ficção, sou verossimilhança, como em um conto de Gabriel Garcia Márquez, tenho cem anos de solidão. Levanto-me do chão todos os dias e busco na cidade, entre o caos, enxergar um pouco de lucidez e coerência. Sou feliz, ah... Sim, sou muito feliz, porq