Ontem
Ontem tudo era tempo perdido. A vida já não tinha a mesma urgência, a mesma significação. Ontem a velhice já ocupara os olhos. A tristeza fizera ninho nas lembranças, e uma saudade avassaladora procriava, pelos cantos da alma, pelos corredores da mente, pelo corpo frágil e frio, mas isso era ontem. Hoje amanheceu escuro e úmido, sem grandes esperanças. Apenas o amargo travando a glote, a dúvida, a vaga sensação de vazio. Único lampejo de vida, fria sensação... Então, o ontem era viável, apesar de falso, mas aquecia. Dalva.