Ciclos Migratórios
“...Passa certo dia, à sua porta, a primeira turma de “retirantes”. Vê-a, assombrado, atravessar o terreiro, miseranda, desaparecendo adiante, numa nuvem de poeira, na curva do caminho... No outro dia, outra. E outras. É o sertão que se esvazia. Não resiste mais, amatula-se num daqueles bandos, que lá se vão caminho em fora, debruando de ossadas as veredas, e lá se vai ele no êxodo penosíssimo para a costa, para as serras distantes, para quaisquer lugares onde o não mate o elemento primordial da vida. Atinge-os. Salva-se. Passam-se meses. Acaba-se o flagelo. Ei-lo de volta. Vence-o a saudade do sertão. Remigra. E torna feliz, revigorado, cantando; esquecido de infortúnios, buscando as mesmas horas passageiras da ventura perdidiça e instável, os mesmos dias longos de transes e provocações demoradas...” ( Os Sertões, pág 107) Nestes parágrafos, o escritor Euclides da Cunha, autor do livro Os Sertões, traduz com clareza o ato migratório da população sertaneja provocado pela seca. O desloc...